Não há existência sem comunicação e diálogo. Martin Buber, filósofo, escritor e pedagogo, deu ênfase a ideia de que o encontro é essencial, o ser humano se torna ser humano através das relações. Só no diálogo nos aperfeiçoamos. Sabemos sobre a importância de dialogar, mas no dia a dia das organizações um dos maiores desafios que enfrentamos é o da comunicação. A aceleração atual faz com que etapas desse processo sejam negligenciadas.
Os desafios vão desde a comunicação escrita, a fala em público, a habilidade de síntese e didática ao transmitir a sua mensagem, qual o público que vai receber essa mensagem e qual meio de comunicação é mais adequado a cada situação. Sem falar da importância da agilidade de comunicar fatos importantes que ocorrem no dia a dia, para que não ajam várias versões do mesmo fato. As redes sociais transmitem mensagens em uma velocidade instantânea, então se não existir planejamento para nos comunicarmos, se não há clareza, o contexto não é claro, podemos acabar prejudicando nossas relações, ações, iniciativas ou projetos por não saber se comunicar de forma adequada.
As regras mais básicas da comunicação planejada, é sempre iniciar com uma introdução ao tema que você quer expor, depois explicar o porquê ele é relevante, abordar os conceitos principais e o que na prática vai trazer de mudanças. Essa estrutura por si só é desafiadora, mas o que vem depois dela é a cereja do bolo. Líderes podem se perder com discursos longos ou vagos, que muitas vezes enaltece suas competências, mas que não agregam diretamente ao que está sendo comunicado. Menos é mais em uma comunicação assertiva.
Se temos uma estrutura clara de comunicação e uma boa história para contar, devemos nos utilizar de ferramentas que nos ajudam na conexão com quem receberá a mensagem. O autor Chris Anderson, presidente do Ted, em seu livro “Ted Talks, o guia oficial para falar em público” descreve todo o processo, e apresenta a importância da sintonia com o público, a narração e explicação didática da ideia, o que será dito como persuasão e a revelação. Os recursos visuais são muito importantes, em todos os públicos teremos pessoas sinestésicas, auditivas e visuais, então o ideal é trabalhar sua comunicação utilizando os recursos necessários para cada estilo de aprendizagem.
Sabemos que existem técnicas que nos ajudam a organizar as ideias e ter sucesso. Como podemos acertar também, mesmo sem planejamento? Nos aperfeiçoamos através dos diálogos, então o cuidado aqui também é essencial. O líder atua trazendo boas a más notícias, assim como precisa repreender ou desligar um funcionário quando necessário. O cuidado com a comunicação nesses momentos é crucial. Marshall Rosenberg, traz a reflexão que um princípio-chave da comunicação não violenta é a capacidade de se expressar sem usar julgamentos de “bem” ou “mal”, do que está certo ou errado. A ênfase é posta em expressar sentimentos e necessidades, em vez de críticas ou juízos de valor. A relação entre duas pessoas deve ser construída a partir do respeito entre as partes, compartilhando o propósito e os motivos das atitudes discutidas, para que ambas queiram realizá-las.
O líder deve estar atento a construção de confiança com a sua equipe. Ela é a base de qualquer relação e ajuda na comunicação livre de julgamentos e conflitos. Cada um pode ser único, sem renunciar aos seus valores e integridade e através do diálogo se aperfeiçoar. Esteja atento não só a sua comunicação planejada, mas a comunicação no dia a dia. O Líder é espelho para equipe, se relaciona com diversos públicos através de e-mails, mensagens, fala etc. Traga para a sua consciência a importância de revisar sua comunicação constantemente, para evitar cair em armadilhas por falta de empatia com o outro.